quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O Duplo Contexto da Igreja Primitiva

      A idéia de reagrupar a vida da igreja em torno de casas tem tido defensores através dos séculos.

      Desde o nascimento do movimento cristão, os primeiros cristão se encontravam: “dia a dia, no templo” na reunião de toda congregação e também “nas suas casas”, comendo com alegria e coração humilde, louvavam a Deus e eram estimulados por todos. (At 2.46-47; 5.42; 20.6-11; Hb 10.23-25)

       Não deveria causar-nos surpresa que a “igreja nas casas”, tornou-se um fator crucial no desenvolvimento de fé cristão!

Como a Igreja Primitiva funcionava:


Por que a Igreja Primitiva se Reunia em Casas?

Por serem poucos...? Por serem perseguidos...? Por não terem recursos...?

       “A dinâmica que fez da igreja primitiva uma comunidade de fé vital e efetiva têm suas raízes  nas casas. É uma noção errada concluir que o único motivo da comunidade apostólica ter desenvolvido igrejas nos lares deveu-se ao fato de ser uma minoria perseguida e, por isso mesmo, não poderia tornar-se pública em sua expressão institucional. Na verdade a igreja primitiva foi um testemunho público, apesar de ser perseguida...

        Paulo era fazedor de tendas e ele, sem dúvida, poderia ter construído algum tipo de tenda, talvez utilizando o modelo do tabernáculo, no qual desenvolveria o seu ministério, especialmente em Éfeso, onde permaneceu por dois anos. Aparentemente isso nunca lhe ocorreu. Era algo inteiramente estranho para o modo como ele e os cristãos primitivos pensavam a respeito da igreja. A igreja eram as pessoas... em primeiro lugar, em último e sempre”(Dubois, Home Cell Groups and House Churches. p.64, 67)

Como era o Cristianismo Primitivo?

      “É muito difícil vizualizarmos o cristianismo primitivo. Com toda certeza ele era muito diferente do cristianismo hoje. Não havia prédios imponentes... não havia hierarquia... não havia seminários teológicos... não havia faculdades cristãs... não havia escola sabatina... Não havia corais... conjuntos... Havia apenas grupos pequenos de crentes... pequenas comunidades...

       No início não havia nem mesmo um Novo Testamento. O próprio Novo Testamento não era a causa  destas comunidades, mas o resultado dela. Assim, os primeiros livros do Novo Testamento foram cartas escritas para essas comunidade, por causa de suas dificuldade, perigos e tentações. Tudo o que tinham era a comunhão; nada mais; nenhuma posição; nenhum prestígio; sem honra... Os cristãos primitivos não eram pessoas de posição; mas havia um poder secreto entre eles, e este poder secreto era resultado do modo pelo qual eram membros uns dos outros.” (Elton Trueblood, The Youke of Christ. p. 25)

       “Os nazarenos se encontravam nas casas uns dos outros dia após dia para uma refeição em comum, durante a qual relembravam Jesus, com gratidão, enquanto partilhavam o pão e o vinho. Nessas reuniões, aqueles que tinham estado com Jesus recontavam suas memórias e introduziam os outros aos seus ensinamentos. Em público, proclamavam aos seus concidadãos as boas novas do ato divino realizado por meio do Messias. A entrada nesta nova comunidade acontecia solenemente pelo batismo “no nome do Senhor Jesus”; esse batismo os destacava como sendo parte do seu povo. Eles se encontravam para orar em grupos e também participavam das orações no templo. Nos primeiros dias eles vendiam suas propriedades e, aqueles que estavam em necessidade, recebiam suprimento desse fundo comum. (F.F.Bruce, The Spreading Flame. p. 74)

O Plano de Ação Original da Igreja

       “Ao compararmos as igrejas atuais à sua cópia original, fica flagrantemente evidente que muitos desvios foram permitidos, os quais empobreceram a vida da igreja. Com o passar dos séculos, a igreja foi gradualmente se afastando  das provisões mais comuns que a tornaram uma potência poderosa e dinâmica nos primeiros anos de existência e permitiu que distorções terríveis a invadissem, fazendo-nos sofrer grandemente ainda hoje.

       O Pensamento popular se apegou a um prédio como sendo o símbolo identificador da igreja e a ênfase foi colocada em grandes e imponentes estruturas e sólidas catedrais. No início, “trabalhar na igreja” significava utilizar um Dom ou exercer um ministério entre os cristãos onde quer que estivessem. Mas, lentamente passou a se tornar uma atividade religiosa dentro de um prédio...

       Além disso, essa distorção resultou em uma igreja tristemente empobrecida, que tem tido pouco impacto sobre o mundo e que se recolhe cada vez mais em um impotente isolamento. Não há nada mais imprescindível do que voltar à dinâmica da igreja primitiva.

        Não podemos continuar a defender nossas tradições engessadas que não abrem espaço para este modelo neotestamentário. Os pastores, em particular, devem devolver às pessoas o ministério que lhes foi tirado, com a melhor das intenções.” (Ray Stedman, A igreja corpo vivo de Cristo. p. 78)

A Parábola da Igreja de Duas Asas


Era uma vez uma igreja criada com duas asas. Uma asa era para a celebração em grupos grandes e a outra para a comunidade em grupos pequenos. Utilizando ambas as asas, a igreja conseguia voar alto e a se aproximar da presença de Deus e ainda sobrevoar graciosamente toda a terra, preenchendo o propósito do Criador.

Um dia, uma inciumada e malvada serpente, que não tinha asa alguma, desafiou a igreja a voar apenas com a asa do grupo grande. A serpente aplaudiu efusivamente quando a igreja conseguiu levantar vôo (mesmo que de forma desajeitada) e a convenceu  de que, com muito exercício, ela conseguiria voar utilizando apenas uma asa.  Enganada desde aquele dia, a igreja de duas asas começou a se satisfazer com apenas uma asa. Isto aconteceu durante o reinado de Constantino, 300 anos depois do Criador ter usado a igreja de duas asas para frustrar os planos da serpente malvada que não tinha asas.

A asa do grupo pequeno se tornou cada vez mais fraca por causa de exercício até atrofiar e tornar-se um apêndice sem vida e sem utilidade ao lado da asa exagerada do grupo grande. A igreja de duas asas que havia planado nas maiores alturas se tornou agora uma igreja de uma asa, um pouco melhor do que a serpente malvada que não tinha asa alguma.

O criador da igreja ficou muito triste. Ele sabia que o projeto das duas asas permitia a igreja voar aos céus, até à sua presença e obedecer os seus comandos na terra. Agora, com apenas uma asa, a igreja tinha que fazer um esforço extra para conseguir levantar vôo. Mesmo dando um jeito de permanecer alada, ela tendia voar em círculos não muito longe do seu ponto de partida. Gastando mais e mais tempo na segurança e no conforto da sua gaiola, ela ficou gorda, preguiçosa e satisfeita com sua vidinha terrena.

De vez em quando, a igreja lembrava que já havia voado com duas asas e sonhava com a possibilidade de fazê-lo novamente. Mas agora a poderosa asa do grupo grande se tornou tão dominante que não aceitava nenhum tipo de auxílio da asa mais fraca. Era tarde demais...

Mas a criador daquela primeira igreja, quer fazer da sua sua igreja uma igreja de duas asas. Para que ela possa ser capaz de voar até a sua  presença e sobrevoar a terra cumprindo os propósitos dele.

TWYLA BRICKMANN

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